MULHERES COM 30 ANOS FAZEM PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS PARA COMPETIR COM COLEGAS DE TRABALHO DE 20 E POUCOS ANOS
A prática está cada vez mais comum entre as mulheres prestes a completar 30 anos, que desejam competir com suas colegas de 20 e poucos anos. Segundo Joanna Chiu, correspondente do The Daily Beast na China, a tendência não tem a ver com a insegurança feminina no trabalho, mas está baseada em fatos.
Um levantamento dos anúncios de ofertas de trabalho, feito em 2003 no país, mostrou que, entre as vagas abertas para mulheres, cerca de 90% exigia que as candidatas tivessem menos de 30 anos.
A juventude é um bem precioso em um lugar no qual mulheres que chegam aos 27 anos sem se casar são rotuladas pelo governo como “solteironas”. Mulheres que não atendem aos requisitos mínimos de altura (geralmente fixados em 1,58 metros) também enfrentam grande dificuldade para conseguir um emprego no governo.
Um estudo do Centre for World-Life, de 2011, descobriu que 76% das mulheres na China aspiram a altos cargos, em comparação com 52% nos Estados Unidos. Aquelas que recorrem à cirurgia alimentam uma indústria que US$ 2,5 bilhões por ano na China, a qual tem crescido a um ritmo anual de 20%, de acordo com a agência de notícias oficial Xinhua. A China é hoje o terceiro maior mercado para cirurgia plástica no mundo, atrás dos Estados Unidos e o Brasil – quando a população é levada em conta, a cirurgia estética é mais comum na Coréia do Sul.
O preço de uma plástica no nariz, de acordo com a reportagem, é de US$ 2,9 mil dólares em um dos maiores hospitais de cirurgia plástica na China, localizado no sul da cidade de Shenzhen. Levando-se em conta a renda anual média dos residentes urbanos na China (US$ 7 mil) e a remuneração média mensal de um trabalhador migrante (US$ 40), levaria anos para a maioria das pessoas conseguirem poupar o dinheiro necessário para um procedimento desses.
“As mudanças econômicas, culturais e políticas na China produziram uma imensa ansiedade vivida pelas mulheres, o que estimula a crença de que a beleza é capital”, disse a antropóloga Wen Hua, autora do recém-publicado livro Comprando a Beleza: Cirurgia Plástica na China.
Na China, a prática tornou-se tão socialmente aceita que concursos de beleza especialmente para “belezas artificiais” foram criados e escolas de formação profissional para comissárias de bordo rotineiramente internam estudantes em hospitais de cirurgia plástica, conta Wen. ”A cirurgia plástica tornou-se uma forma de escolha do consumidor, que reflete a transição da China do comunismo para o consumismo “.