
Thayanna fez uma cirurgia plástica sem saber que estava grávida (Foto: Acervo pessoal)
“Conheci o amor da minha vida em 2014. Sidney é advogado, assim como eu, portanto, falamos a mesma língua e nos entendemos logo de cara. Primeiro, ficamos amigos. Somente três anos depois, em 2017, começamos a namorar. Na época, morávamos cada um em uma cidade aqui no estado de Tocantins e nos víamos bem pouco. Como sempre fui vaidosa e estava muito insatisfeita com meu corpo — tinha os seios enormes e muita gordura localizada –, no ano seguinte, decidi fazer uma recauchutagem. Minha agenda sempre estava lotada de trabalho, então optei pelo caminho mais fácil, que era fazer uma lipoaspiração e a redução mamária colocando prótese de silicone.
Chegando ao consultório do meu médico, decidi fazer a cirurgia tripla, que inclui seios, lipo com enxertia e uma abdominoplastia total. Queria minha barriga lisinha como nos tempos da adolescência. O médico pediu todos os exames pré-cirúrgicos necessários 30 dias antes da cirurgia. Fiz todos os exames corretamente, no início de março de 2018. Sidney me acompanhou em todos eles.
Meus exames tiveram resultado normal, e fui liberada pelo médico para operar. Marcamos a cirurgia para o dia 2 de abril de 2018, em Goiás, onde os médicos são reconhecidamente melhores do que no Tocantins. Estava radiante!
Entrei no centro cirúrgico às nove da manhã e só saí às cinco da tarde. Como fiz a abdominoplastia total, a cirurgia demorou um pouco mais do que o esperado, mas foi um sucesso. Recebi alta após dois dias de internação, mas fui para casa com drenos que deveria usar durante sete dias. Após esse prazo, a recuperação pedia 30 dias de repouso. Durante esse período, tomei muitos antibióticos e analgésicos, além de outros medicamentos fortíssimos por causa de uma reação alérgica que tive à anestesia geral.
O pós-cirúrgico é um momento superdelicado. Durante seis meses, temos que usar cintas, talas e roupas para comprimir todo o corpo. Sentia bastante dor, inchaço e não estava conseguindo me alimentar bem. Quando voltei para a minha cidade, comecei a acordar no meio da noite me sentindo muito mal, suando frio, todo dolorida e com crises de vômito. Passei 60 dias sem nenhuma melhora.
Procurei então o médico que me operou. Segundo ele, já era pra eu estar melhor. Mas, como não pude ir a Goiânia, optei por me consultar com um médico da minha cidade mesmo. Tentei alguns, mas todos negavam a me atender, alegando não ter técnica para diagnosticar um pós-cirúrgico como aquele. No desespero, procurei um de uma cidade vizinha que, prontamente, me recebeu e verificou um excesso de líquido entre a pele e o corte da minha barriga. Durante dez dias seguidos, ele drenou com uma seringa, mas, como o líquido não parava de sair, me encaminhou para outro hospital.
Lá, me pediram uma nova batelada de exames. Fiz coleta de urina, sangue e raio X. Dias depois, quando voltei ao consultório do médico que me atendeu, ele estava analisando todos os meus exames pré-cirúrgicos. Algo não estava batendo. Entre as milhões de perguntas, estranhei especialmente uma: ‘Quando foi sua última menstruação?’. Em seguida, perguntou se eu não havia notado nenhuma anormalidade antes de operar, se eu estava sentindo enjoos e se tive relações sexuais com meu parceiro antes da cirurgia. Apesar de não ver sentido naquelas questões, respondi todas prontamente. Até que ele me perguntou se eu estava tomando algum contraceptivo. Gelei! Meu médico havia dispensado o uso de anticoncepcionais, procedimento que, segundo ele, era comum antes de das cirurgias plásticas.
‘Thayanna, você está grávida de cinco ou seis semanas’, disse. E completou: “Na verdade, você já estava grávida quando fez essa cirurgia’. Quase enfartei ali mesmo. Em estado de choque, não tive reação. Fiquei paralisada, enquanto ele me me encaminhava a um obstetra com urgência. Achava estranho o fato de o exame de sangue não ter detectado a gravidez e pediu uma ultrassonografia para checar se o bebê ainda estava vivo. Após ter passado por tantos procedimentos, muita coisa poderia ter acontecido. Fiz o exame e constatei que, sim, estava de fato esperando um bebê.
Ainda em estado de choque, saí do consultório, peguei meu carro e voltei pra minha cidade, ainda sem acreditar no que ouvi. Já em casa, me tranquei no quarto e não falei com ninguém sobre o que estava acontecendo. Só conseguia pensar no pior. Não quis ligar para meu o namorado, nem para ninguém. Resolvi me isolar, pensar e repensar em tudo. Passavam mil coisas pela minha cabeça. Como poderia ter feito uma cirurgia daquele tamanho estando grávida de cerca de dois meses? Como os exames não detectaram uma gravidez? Já não tinha nenhuma esperança de que o bebê estivesse bem. Não era possível estar vivendo tudo aquilo. Era tudo muito surreal!
Após três dias de pura angústia, já no início de junho, resolvi contar tudo para o meu namorado. Liguei para ele, que também ficou em choque. E me pediu para que fosse de imediato para Palmas, capital do nosso estado, passar alguns dias na casa dele para procurarmos um médico que nos orientasse melhor. Fui e logo já marquei a ultrassom morfológica. Chegando na clínica, descobri que estava grávida de 23 semanas — ou seja, quase seis meses — e que era uma menina.
O médico me disse que, aparentemente, estava tudo bem com meu bebê, mas que, por causa do corte enorme na minha barriga, me encaminhou para um profissional em gestações de risco. Chegando lá, a médica fez várias ultras com doppler e me pediu para realizar novos exames. Estava retendo muito líquido e com pressão alta.
Ela notou que em um dos exames apresentei diástole zero e que o cordão umbilical estava com alteração. Me encaminhou ao hospital para ficar internada na ala de gravidez de alto risco para tentar segurar a gravidez, pelo menos, até 32 semanas.
Após a internação, no entanto, o médico disse que estava apresentando um quadro de pré-eclâmpsia grave e que isso estava acarretando sofrimento fetal. Falou ainda que, se eu não realizasse um parto prematuro, nem eu nem o bebê sobreviveríamos.
Meu mundo caiu ali mesmo. Me levaram sozinha para a sala de parto. Pedi que avisassem ao meu namorado, que não demorou a chegar. E, após algumas horas de sofrimento, às seis horas da tarde do dia 28 de agosto de 2018, veio ao mundo um bebêzinho lindo, com 822 gramas e 21 centímetros, que chamamos de Cecília. Era muito frágil e pequena, cabia na palma da nossa mão — afinal, havia nascido com 26 semanas de gestação. Não me deixaram tocar na minha filha, mas chorei de amor quando a vi na incubadora. Depois de sete dias internada, tive alta.
Após seu nascimento, Sidney e eu decidimos morar juntos e montamos um quartinho lindo para aguardá-la em casa. Todos os dias, íamos ao hospital várias vezes. Ali, surgia um amor sem explicação. Os médicos não nos davam muitas esperanças de que ela sobreviveria, porém, nunca perdemos as esperanças.
Três meses depois, Cecília foi para casa. Pesa dois quilos, mas era uma garotinha forte, esperta e não tinha nenhuma complicação, nem ficou com nenhuma sequela. Também não precisou de cirurgia ou intubação em nenhum dia que esteve na UTI. Felizmente, é um bebê saudável, grande amor de nossas vidas!
Sidney e eu casamos em junho deste ano. E temos novidades: nossa família vai aumentar! Quando Cecília estava com apenas cinco meses, me descuidei na contracepção e engravidei novamente. Será uma menininha também e se chamará Nina. Foi até bom engravidar logo em seguida, antes mesmo de eu reparar a cirurgia plástica, que pretendo refazer assim que minha segunda filha nascer.
No dia que soube que estava grávida novamente, ficamos bastante surpresos. Cecília ainda estava pequeninha demais, tínhamos acabado de sair de um período conturbado com ela e os médicos haviam pedido que eu esperasse mais tempo para ter outro filho.
Nosso medo era acontecer tudo novamente. Por isso, estou fazendo acompanhamento com três médicos diferentes especialistas em gestação de risco. Hoje, Cecília está com 11 meses, pesa oito quilos e tem uma saúde perfeita! E eu, com sete meses de gestação. Fazemos acompanhamento com vários médicos e neonatologistas especializados em bebês prematuros e todos se impressionam com a nossa história. Temos uma criança linda, saudável, que está se desenvolvendo de uma forma incrível. E, em muito breve, terá uma irmãzinha para lhe fazer companhia.”
Fonte: Revista Marie Claire
Thayanna, muito obrigada por compartilhar sua historia!
Voce se importa em dizer com qual cirurgiao plastico voce operou em Goiania?
Sigo tambem sem entender como os exames pre-operatorios nao detectaram a gravidez! Planejo em fazer cirurgia com um medico de Goiania, ainda vou fazer os exames.
Muito feliz em saber que sua familia passa bem, e que voce e Cecilia estao saudaveis!