Tabagismo é fator de risco para recuperação da cirurgia plástica.
O cigarro prejudica a cicatrização da pele após atos cirúrgicos. Pessoas que fumam até um maço de cigarro por dia têm três vezes mais chances de apresentar necrose da pele. Há ainda risco aumentado de gangrena porque as substâncias tóxicas do cigarro provocam vasoconstrição.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que 5 milhões de pessoas morrem anualmente de doenças relacionadas ao cigarro – só no Brasil, são 80 mil mortes anuais. Os 56 milhões de fumantes brasileiros têm 20 vezes mais chance de desenvolver câncer de pulmão do que uma pessoa que não fuma.
E num mundo voltado para a beleza como o nosso, a primeira vítima do tabagismo é a aparência do fumante. A grande vilã da história é a nicotina – um líquido tóxico existente nas folhas do tabaco e que já era utilizado em 1690, na França, como inseticida. “Além de causar a dependência, a substância tem efeito vasoconstritor na microcirculação sangüínea. Ou seja, reduz o diâmetro dos pequenos vasos, dificultando o aporte de oxigênio e de nutrientes que as células recebem por meio do sangue. Como conseqüência, a pele perde o viço e começa a envelhecer precocemente”, afirma o cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina Integrada.
No Brasil, o cigarro ainda é responsável por 97% das mortes por câncer de laringe, 25% por doença do coração, 85% por bronquite e enfisema pulmonar e 25% por derrame. Além disso, são sete vezes maiores as probabilidades de se ter úlcera e câncer de estômago.
A vasoconstrição causada pela nicotina compromete o processo de cicatrização após as cirurgias. Durante uma cirurgia que envolve o descolamento do tecido cutâneo, há uma natural diminuição da vascularização. Ou seja, a associação desses dois fatores: cigarro + cirurgia potencializa os efeitos negativos sobre a pele. Por essa razão, cirurgiões plásticos americanos estão deixando de operar pacientes que fumem mais de um maço de cigarros por dia. Além do risco de necrose e gangrena, há possibilidade de abertura da sutura e de a pele voltar a enrugar em razão da menor sustentação dos tecidos.
Segundo o Dr. Ruben Penteado, “devido ao seu efeito vasoconstritor, o cigarro reduz a oxigenação do fluxo sangüíneo e retarda o processo de recuperação no pós-operatório. Além disto, compromete o sistema respiratório, deixando o paciente mais suscetível a infecções, problemas de cicatrização, necrose e intercorrências referentes à anestesia, trombose e embolias”.
Sem dúvida, ninguém desconhece a influência do fumo no câncer de pulmão, em outros tipos de câncer e nas enfermidades cardíacas. “Entretanto, a maioria das pessoas não sabe que existe uma relação causal entre o tabagismo e as complicações pós-cirúrgicas. Há, de fato, a necessidade de muita educação e divulgação para que as pessoas realmente sejam melhor informadas sobre este fator de risco, que é modificável, por isso mesmo é tão importante”, defende o diretor do Centro de Medicina Integrada.
Fumo + Sol
Quando cigarro e sol se juntam, o estrago é muito maior para a aparência. “Estima-se que a pele das pessoas que tomam sol e fumam envelhece dez vezes mais rápido do que a de quem não têm esses hábitos”, afirma o Dr. Ruben Penteado. Isso ocorre porque a exposição solar, da mesma forma que a nicotina, destrói as fibras de colágeno e elastina, apressando o processo de envelhecimento.
Resultados de um estudo realizado pela Universidade de Ouio, na Finlândia, demonstraram que, devido à nicotina, o organismo dos fumantes produz menos colágeno, responsável pelas fibras elásticas da pele. Por causa disso, eles apresentam maior flacidez e mais rugas precoces no rosto.
FONTE:Revista Vigor