Ingestão fica abaixo do recomendado, passados
seis meses do procedimento
Em 88% de 36 pacientes avaliados que passaram pela cirurgia bariátrica no Hospital das Clínicas (HC) da Unicamp, a ingestão de proteínas estava abaixo do recomendado após seis meses de cirurgia. Mesmo se valendo de uma suplementação padronizada, 61% deles mantiveram deficiência de zinco no organismo depois dos seis meses de procedimento e, no pré-operatório, 55% já apresentavam deficiência devido, basicamente, à má alimentação. Estes foram os resultados da pesquisa apresentada na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) pela nutricionista Renata Cristina Gobato. “A perda de peso é importante para evitar o risco de desenvolver diversas doenças. Por outro lado, é preciso estar atento às questões nutricionais para se evitar quadros de deficiências. O zinco, por exemplo, é um componente nutricional importante, pois participa de todo o metabolismo, com importante função antioxidante, imunológica, regulando o paladar e o apetite”, explica a nutricionista.
Segundo Renata Gobato, os benefícios da cirurgia bariátrica são indiscutíveis, pois se trata de um método efetivo para a perda e manutenção de peso. É essencial, no entanto, evitar as várias complicações nutricionais possíveis de acontecer por conta do procedimento. Os resultados, explica ela, demonstram a importância de se promover uma alimentação balanceada não só após a cirurgia, como também no pré-operatório, com reposição dos nutrientes em níveis adequados. “Os indivíduos obesos que estavam no grupo para realizar a intervenção cirúrgica já possuíam deficiências de nutrientes, e nem estavam atentos ao problema”, afirma.
Em um primeiro momento, o estudo realizado com a orientação do professor Elinton Adami Chaim contemplou as análises de zinco e cobre, visto que a técnica cirúrgica que envolve a restrição do estômago e o desvio intestinal utilizada na Unicamp restringe a absorção de micronutrientes no organismo. Ademais, as fontes ricas nestes micronutrientes – carne bovina, ostras, grãos integrais, castanhas para o zinco e fígado, cereais integrais, nozes e chocolate para o cobre – não são recomendadas no pós-cirúrgico. Renata volta a insistir, no entanto, que o consumo alimentar antes da cirurgia também deve ser reforçado, pois no estudo a deficiência já existia. No caso do cobre, Renata Gobato, explica que os resultados não foram tão significativos, quanto no caso do zinco. Pela pesquisa, apenas 8% dos pacientes apresentaram deficiência no pós-operatório.
As avaliações foram realizadas baseadas na variação antropométrica envolvendo o peso, altura, índice de massa corporal (IMC) e circunferência abdominal e, também, de exames bioquímicos, envolvendo proteínas totais, albumina e pré-albumina no sangue. Além destes métodos, também foi realizado um questionário de recordatório alimentar de 24 horas. Todos os 36 pacientes avaliados estavam no grupo preparatório para a realização da cirurgia bariátrica. Na verdade, o total de pacientes no grupo era de 100, mas somente 36 foram considerados aptos para a cirurgia. Isto porque existem critérios de desempenho que precisam ser cumpridos. “Em geral, os pacientes levam de sete a 14 meses para conseguir cumprir os critérios. Um deles é a perda de 10% do peso corporal”, explica. (R.C.S.)